Physis: Revista de Saúde Coletiva, Volume: 20, Número: 4, Publicado: 2010
  • SUS: análises, reflexões e contribuições Artigos de tema

    Camargo Jr., Kenneth Rochel de
  • Clínica ampliada na atenção básica e processos de subjetivação: relato de uma experiência Artigos de tema

    Sundfeld, Ana Cristina

    Resumo em Português:

    A proposta da Estratégia de Saúde da Família (ESF) privilegia ações de promoção à saúde, desenvolvidas pela equipe de profissionais junto com a comunidade. Na imanência desse coletivo, encontramos linhas disparadoras de processos reflexivos que podem liberar a produção de um saber-fazer criativo. Neste sentido, a inserção da psicologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) pode contribuir para a efetivação de uma clínica ampliada na rede básica, crítica aos modelos ditos saudáveis, na maioria das vezes ortopédicos e modeladores, aberta a experimentações e ocupada em religar clínica-política-produção de modos de vida. Neste artigo problematizamos algumas demandas dirigidas à psicóloga integrante do NASF pelas equipes da ESF, sua produção e implicações ético-políticas para o exercício da clínica e processos de subjetivação resultantes. Trata-se de um estudo de caso que buscou percorrer e mapear nos discursos possíveis interlocuções e agenciamentos, cujas expressões são traduzidas como demanda para os profissionais da saúde. Em muitos casos, tais enunciados exprimem considerações morais, formas idealizadas de saúde e bem-estar. Apostamos que a construção da clínica é produto de um coletivo desejante, capaz de resistir aos mecanismos de captura e disciplinarização da vida. Este trabalho propõe que, a partir das provocações do cotidiano, a equipe dialogue, questione e se fortaleça, para afirmar formas de existir saudáveis e livres de padrões preestabelecidos.

    Resumo em Inglês:

    The Family Health Strategy focuses on actions to promote health, developed by its professionals along with the community. In the immanence of this group we find lines that develop reflexive processes that can release the production of a creative know-how. In this sense, the inclusion of psychology in the Family Health Support Nucleus (NASF) can contribute to the fulfillment of an expanded clinic in primary health, critical to the so-called healthy models, mostly orthopedic and modeling, open to trials and worried about reconnecting clinic/politics/production of ways of life. In this paper we question some demands of Family Health teams addressed to the NASF psychologist, their production, ethical and political implications for clinical practice and resulting subjectivity processes. It sought to analyze and map discourses, possible dialogue and assemblages, whose expressions are translated as demands for health professionals. In many cases, these demands express moral considerations, idealized forms of health and well-being. We bet that the construction of the clinic is the product of a collective desire, able to withstand the mechanisms of capture and disciplining of life. This paper proposes that, starting from the daily challenges, the team will be able to discuss, question and become stronger enough to claim healthy ways, free of pre-established standards.
  • Sentidos e práticas da humanização na Estratégia de Saúde da Família: a visão de usuários em seis municípios do Nordeste Artigos de tema

    Trad, Leny Alves Bomfim; Esperidião, Monique Azevedo

    Resumo em Português:

    O presente artigo desenvolve uma análise do processo de humanização em saúde no âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF). São focalizados, particularmente, os sentidos atribuídos pelos usuários à noção de humanização em saúde e suas avaliações sobre condições objetivas (infraestrutura e organização) e relacionais (relação / comunicação profissional-usuário) presentes na ESF. Neste sentido, a análise privilegia os processos de acolhimento e construção do vínculo. Para alcance dos objetivos, foi realizado um estudo de casos múltiplos (seis) de tipo quali-quanti, com primazia do enfoque qualitativo, contemplando municípios de pequeno e grande porte dos estados da Bahia, Sergipe e Ceará. Apreende-se do discurso dos usuários o reconhecimento do empenho das equipes em fomentar relações mais solidárias, dialógicas e horizontais no cuidado, o que reforça a valorização da dimensão subjetiva das práticas de saúde, as quais ganham espaço na estratégia de saúde da família e repercutem nas iniciativas da humanização da atenção.

    Resumo em Inglês:

    The present article develops an analysis of the process of humanization in the scope of the Family Health Strategy (ESF). It particularly focuses on the senses attributed by users to the notion of humanization in health and their evaluation of the objective conditions (such as infrastructure and organization) and relational approaches (such as professional-user communication) in the ESF. Therefore, the analysis privileges the processes of reception and construction of attachment. To reach the objectives, a study of multiple cases (six) was conducted using a qualitative and quantitative approach, with emphasis in the qualitative methods, comprising small and large cities in the states of Bahia, Sergipe and Ceará. The recognition of the solidarity and horizontal relations of the teams can be apprehended by the speech of the users, what strengthens the valuation of the subjective dimension in the health practice, which gains space in the family health strategy and in initiatives for the humanization of care.
  • Práticas grupais como dispositivo na promoção da saúde Artigos de tema

    Ferreira Neto, João Leite; Kind, Luciana

    Resumo em Português:

    O artigo apresenta e discute dados produzidos por uma pesquisa sobre práticas de grupo desenvolvidas por Equipes de Saúde da Família (ESF) dos nove Distritos Sanitários de Belo Horizonte. Foram realizadas entrevistas com gerentes de Unidades Básicas de Saúde e profissionais das ESF, grupos focais com usuários e observações participantes em grupos em andamento nas unidades. Na análise dos dados, buscamos privilegiar a dimensão processual e de construção histórica das práticas investigadas, através da discussão de cinco aspectos: (1) motivos para a realização dos grupos; (2) mudanças de enfoque das práticas grupais; (3) dimensões informativa e participativa dos grupos; (4) efeitos e (5) avaliação das práticas grupais. As análises apontam que as práticas de grupo apresentam múltiplas facetas quanto à organização dos serviços e da assistência, à função e aos objetivos propostos por diferentes equipes e à sua configuração. Observa-se uma mudança de enfoque, ainda incipiente, de práticas centradas na doença para a composição de grupos por novos eixos estruturantes, em conformidade com o que se preconiza nas diretrizes do município para a atenção básica. Os dados revelam impactos das práticas grupais na diminuição de consultas individuais e na otimização do vínculo entre usuários, profissionais e serviços. Os resultados apontam a tensão entre o dispositivo "consulta individual" e o dispositivo "práticas de grupo". O primeiro se apresenta como marcado pelo foco na doença, enquanto o dispositivo "práticas de grupo" desfocaliza a doença, trazendo à tona outras dimensões de vida, associadas à promoção da saúde.

    Resumo em Inglês:

    This paper presents and discusses data from a research about group practices developed by Family Health Teams of the nine Sanitary Districts of Belo Horizonte city. We conducted interviews with managers and health professionals from Basic Health Units, focus groups with customers and participant observation of regular groups of health units. In data analysis we aimed to highlight the process dimension and the historical construction of the investigated practices through the discussion of five aspects: (1) reasons to promote group practices; (2) changes on the structure of group practices; (3) informative and participative dimensions of the groups; (4) effects and (5) assessment of group practices. The analyses show that group practices have multiple aspects related to services organization and healthcare, the function and objectives placed by different teams, and its configuration. There is an incipient shift of approach concerning practices centered in diseases for the creation of groups by new structural axis, according to the municipal guidelines for primary health. Data show the impact of group practices in reducing the request for individual appointments and in enhancing the bond between customers, health professionals and services. The results indicate the tension between the "individual appointment" device and the "group practices" device. The former is marked by the focus in disease, while the latter produces its blurring, highlighting other dimensions of life associated with health promotion.
  • O agente comunitário de saúde e aconsolidação do Sistema Único de Saúde: reflexões contemporâneas Artigos de tema

    Gomes, Karine de Oliveira; Cotta, Rosângela Minardi Mitre; Mitre, Sandra Minardi; Batista, Rodrigo Siqueira; Cherchiglia, Mariângela Leal

    Resumo em Português:

    Os agentes comunitários de saúde (ACS) são personagens-chave na implantação de políticas voltadas para a reorientação do modelo de saúde, tendo como base a atenção primária. Este estudo apresenta uma revisão de literatura, dirigida à análise crítica sobre a contribuição deste profissional para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando que as concepções acerca do processo saúde-doença dão sentido à prática sanitária e às ações dos profissionais de saúde, inicialmente discutiu-se a evolução dos paradigmas sanitários e a influência das correntes de pensamentos neste processo, apresentando as principais diferenças entre o paradigma flexneriano e o paradigma da produção social da saúde. Neste contexto, o SUS desponta como um novo sistema de saúde, com princípios e diretrizes que configuram o Programa Saúde da Família como estratégia revolucionária, por apresentar respostas aos problemas não solucionados pelo sistema sanitário hegemônico, baseado no paradigma até então dominante. Assim, por colocar em foco o cuidado, a atenção primária, a prática sanitária da vigilância à saúde e o trabalho em equipe multiprofissional, a formação dos profissionais para a abordagem do processo saúde-doença com enfoque em saúde da família surge como desafio para o êxito do modelo sanitário proposto. Destarte, a reflexão crítica sobre a função do ACS aponta para conflitos entre pressupostos teóricos do modelo e a prática deste profissional, destacando a necessidade de capacitação permanente, crítico-reflexiva e baseada em metodologias problematizadoras, como estratégia de potencialização para a efetiva mudança do modelo de saúde, no contexto da práxis do PSF.

    Resumo em Inglês:

    The community health agents (ACS) are key players in the implementation of policies related to the reorientation of health model, based on primary care. This study presents a literature review, led to critical analysis on the contribution of this work for the consolidation of the Unified Health System (SUS). Whereas the conception of health-disease process gives meaning to the practice and actions of health professionals, first we discussed the evolution of the paradigms of health and the influence of currents of thought in this process, presenting the main differences between the paradigm and Flexnerian paradigm of social production of health. In this context, the SUS emerged as a new health system, with principles and guidelines that make up the Family Health Program a revolutionary strategy which presents answers to the unsolved problems by the hegemonic health system, based on the paradigm dominant so far. So, focusing on care, primary care, health surveillance practices and multi-professional teamwork, professional training to address the health-disease process with a focus on family health poses a challenge to the success of the proposed public health model. Thus, critical reflection on the role of the ACS points to conflicts between the theoretical model and professional practice, highlighting the need for ongoing training, critical and reflective and based on questionable methodology, such as augmentation strategy for the effective change in the health model in the context of the praxis of the Family Health Program.
  • Agentes Comunitários de Saúde: experiências e modelos do Brasil Artigos de tema

    Santos, Maria Ruth; Pierantoni, Celia Regina; Silva, Lorena Lopes da

    Resumo em Português:

    O presente artigo é parte da tese de doutorado Perfil dos Agentes Comunitários de Saúde da Região de Juiz de Fora-MG e apresenta o perfil dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sob a ótica das equipes de saúde da família, dos usuários e deles próprios. Discute os modelos e experiências sobre os ACS praticadas no Brasil antes da iniciativa do Ceará, na década de 80. Contextualiza os movimentos ocorridos para o sucesso da reforma dos ACS, que caracterizam um recurso humano central e estratégico para a implementação de ações de promoção da saúde, viabilizando o desenvolvimento de ações básicas voltadas para a comunidade. Demonstra que o agente comunitário de saúde constitui fator chave para viabilizar o apoio, a implementação e o desenvolvimento de ações básicas voltadas para a comunidade, de forma a expandi-las e a fortalecê-las em nível nacional, porém a promoção da saúde não concerne exclusivamente ao próprio setor e nem a um único profissional de saúde. Ela é resultado de ações intersetoriais, agindo nos determinantes gerais e da qualidade de vida.

    Resumo em Inglês:

    This paper is part of the doctoral thesis Profile of Community Health Workers in the region of Juiz de Fora, MG, and presents a profile of Community Health Agents (CHA) from the perspective of family health teams, of users and themselves. It discusses the models and experiences on the CHA practiced in Brazil before the initiative of Ceará State, in the 1980's. It contextualizes the movements for the successful reform of the CHA, which characterize a central human resource and strategic for the implementation of health promotion actions, enabling the development of basic community-related actions. It shows that community health agents are a key factor to enable the support, implementation and development of basic community-related actions, to expand them and strengthen them nationwide, but health promotion concerns not only the sector itself nor a single health professional. It is the result of inter-sectoral actions acting in general and quality of life determinants.
  • O direito à saúde: representações de usuários de uma unidade básica de saúde Artigos de tema

    Silva, Marcos Alex Mendes da; Ferreira, Efigênia Ferreira e; Silva, Girlene Alves da

    Resumo em Português:

    O presente trabalho objetivou conhecer a representação do direito à saúde elaborada pelos usuários de um serviço de saúde, localizado no município de Valença, Estado do Rio de Janeiro. Utilizou-se a abordagem qualitativa, na qual os dados foram apreendidos por meio de entrevista semiestruturada e organizados segundo a análise temática do conteúdo, sendo os pressupostos da teoria das representações sociais utilizados como referencial para análise. Os usuários representam o direito à saúde como algo legalmente constituído, mas a falta de organização da comunidade e a falta de compromisso dos poderes públicos e dos profissionais repercutem de maneira negativa para que de fato, na prática, se comprove essa efetivação. A representação do direito à saúde elaborada encontra-se associada ao pleno funcionamento da unidade de saúde, à igualdade e à equidade no acesso aos serviços prestados, e indica a necessidade de ações que coloquem o usuário do serviço de saúde como protagonista na efetivação desse direito.

    Resumo em Inglês:

    This study aimed to get to know the representation of right to health made by users of a health care unit at the city of Valença, state of Rio de Janeiro. A qualitative approach was used, data was collected through semi-structured interviews and organized according to thematic analysis of the content, based on the theoretical asssumptions of the theory of social representations. The users represent the right to health as something legally established, but the lack of community organization and of commitment of public authorities and professionals reflect negatively on its full establishment. The representation of the right to health in this study is related to the full operation of the health unit, to equality and equity in access to the health services being offered, and this representation points to need for actions that make the the health service user as protagonist in fulfilling this right.
  • Estratégia da Atenção Psicossocial e participação da família no cuidado em saúde mental Artigos de tema

    Dimenstein, Magda; Sales, André Luis; Galvão, Ellen; Severo, Ana Kalliny

    Resumo em Português:

    Este trabalho tem como objetivo discutir como familiares de portadores de transtornos mentais têm experienciado as mudanças nas políticas da área, o que pensam sobre as novas demandas de participação e como as mesmas têm impactado na sua relação cotidiana com os serviços de saúde mental e nas práticas de cuidado junto a seus familiares. A pesquisa foi realizada no ambulatório de saúde mental de Natal entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009, como parte de um trabalho de mestrado que objetivava analisar processos de cronificação em curso nesse serviço. Foram realizadas 12 entrevistas, sendo sete com familiares e cinco com usuários. Os resultados evidenciam as inúmeras dificuldades dos familiares junto às novas propostas de cuidados em saúde mental, que interferem diretamente na perspectiva de corresponsabilização posta pela Estratégia da Atenção Psicossocial. Acreditamos que tal construção entre técnicos e familiares deve vir acompanhada de ações de suporte às famílias, de mudanças nos modos de trabalho e gestão, bem como de avanços em relação às políticas de inclusão social e reabilitação psicossocial, de fortalecimento de mecanismos de controle social, de estímulo ao empoderamento dos usuários e familiares no sentido de fazer avançar o processo de desinstitucionalização em saúde mental.

    Resumo em Inglês:

    This study aimed to discuss the way that families of individuals with mental health disturbances experience the political changes in the area, what they think about the new participation demands and about the impact that these demands have on their daily relations with the mental health services, and on their family care practices. The study was conducted from November 2008 to February 2009 in a mental health service in the city of Natal, Brazil. It is part of a master´s dissertation project that sought to analyze the chronic processes in this service. The results brought into evidence the several difficulties experienced by family members with the new mental health care proposals, that directly interfere in the co-responsibility perspective proposed by the Psychosocial Care Strategy. We believe that in order to promote the mental health deinstitutionalization process, the construction of co-responsibility between technical workers and family members must include: supportive actions to the families; changes in the work and management modes; advances in the social inclusion and psychosocial rehabilitation policies; mechanisms for the strengthening of social control; and empowerment stimulus for the client and his family members.
  • Participação popular e controle social em saúde: desafios da Estratégia Saúde da Família Artigos de tema

    Soratto, Jacks; Witt, Regina Rigatto; Faria, Eliana Marília

    Resumo em Português:

    O controle social em saúde no Brasil tem em sua trajetória um processo de luta da sociedade, especialmente a partir dos movimentos sociais organizados. Este artigo trata de um estudo de pesquisa-ação com uma abordagem qualitativa, que teve como objetivo construir um processo de participação popular e controle social em saúde, no território de uma Estratégia Saúde da Família, na região sul do Estado de Santa Catarina. Participaram do estudo a população, usuária do serviço de saúde inserida ou não nos movimentos sociais organizados, juntamente com os trabalhadores de saúde. A coleta de dados consistiu na observação participante e entrevistas. A construção do processo de participação popular e controle social se deu em três momentos: conhecimento situacional, diálogo emancipador e momento "D". Constatou-se que a institucionalização de espaços participativos não garante a participação popular e o controle social em saúde. O estudo apresenta alternativas para a construção deste processo. Neste caso, o diálogo foi o instrumento essencial para a fomentação e busca de outros caminhos para o Sistema Único de Saúde.

    Resumo em Inglês:

    Social control in Brazil has come through a process of social struggle, specially starting with the social movements. A qualitative study with the technique of action research was developed, aiming at building a popular participation and social control process within a Family Health Team in the south of Santa Catarina State, Brazil. The subjects of the study were the population who attended the healthcare service, participating or not in the organized social movements, and the health workers. Data collection comprised participant observation and interviews. The construction of citizen participation and social control process was developed in three moments: awareness of the situation, independent dialogue and "D" moment. The study presents alternatives for this process. In this case, dialogue was the essential instrument to encourage and search of other ways for the Unified Health System.
  • O conceito de cogestão em saúde: reflexões sobre a produção de democracia institucional Artigos de tema

    Guizardi, Francini Lube; Cavalcanti, Felipe de Oliveira Lopes

    Resumo em Português:

    Este ensaio tem por objetivo discutir os elementos necessários à composição do conceito de cogestão, tendo por perspectiva a necessidade de repensar os modos de gestão do Sistema Único de Saúde, já que o cotidiano institucional expõe as limitações que a tradição gerencial enfrenta na concretização das políticas públicas que o estruturam, principalmente quando se apresenta como horizonte desejado a transformação democrática de suas instituições. Para tanto, apresentamos o conceito de cogestão formulado por Gastão Wagner Campos e, em seguida, realizamos uma reflexão teórica sobre três elementos específicos, a saber: a noção de porosidade, a produção de novas lógicas de pertencimento institucional e as relações entre cogestão e conhecimento. Por fim, propomos pensar a cogestão como socialização e democratização da constituição de artifícios institucionais, destacando o reconhecimento de sua dependência direta dos fluxos e redes sociais que promovem a socialização dos saberes, dos dispositivos tecnológicos e organizativos. Ao remetermos o conceito de cogestão para o plano da articulação em rede das atividades de produção de saúde, procuramos refletir sobre o desafio de construção de novas sociabilidades democráticas, capazes de concretizar materialmente o direito à saúde. A cogestão das instituições seria, nessa perspectiva, uma dimensão fundamental da coprodução de saúde.

    Resumo em Inglês:

    This essay aims to discuss the necessary elements to build the concept of co-management from the perspective of the need to rethink ways of managing the Unified Health System, once the institutional routine exposes the limitations that traditional management faces to implement public policies, especially when it is a goal for the democratic transformation of their institutions. We present the concept of co-management formulated by Campos, and then perform a theoretical examination of three specific elements, namely: the concept of porosity, the production of new institutional logics of belonging and the relationship between co-management and knowledge. Finally, we propose that co-management be considered as the socialization and democratization of institutional devices, highlighting the its dependence on flows and social networks that promote the socialization of knowledge, of organizational and technological devices. By referring the concept of co-management to networking activities of health production we seek to reflect on the challenge of building a new democratic sociability, able to materialize the right to health. The co-management of institutions would be, in this perspective, fundamental for the co-production of health.
PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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